São Cristóvão: quando a história e a arquitetura se encontram

Para alguns, São Cristóvão é apenas uma cidade-dormitório. Para outros, a referência de melhor queijadinha do mundo. Para muitos, um bom motivo para se orgulhar de ter nascido no estado de Sergipe. O fato é que São Cristóvão, primeira capital sergipana, a 23 quilômetros de Aracaju, é um destino que tem muito a oferecer: belezas naturais, história, arquitetura e até gastronomia. Aqui, você vai saber por que precisa colocar São Cristóvão no seu roteiro de viagem.

História

São Cristóvão foi fundada em 1590, pelo capitão português Cristóvão de Barros, quando Portugal estava sob domínio do Rei Felipe II, da Espanha, durante a União Ibérica, quando Portugal e Espanha davam as ordens. Daí, a influência dos dois países na constituição urbana da cidade – a quarta mais antiga do Brasil. Atrás, apenas, de Salvador, Rio de Janeiro e João Pessoa.

Tombamentos

Desde 1940, São Cristóvão coleciona tombamentos, tal a sua importância histórica e grandiosidade arquitetônica. Em 1967, São Cristóvão teve seu conjunto urbano tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico nacional – Iphan. Em 1938, no governo de Eronildes de Carvalho, foi elevada ao título de cidade histórica e, em 2010, a Praça São Francisco foi reconhecida como Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco.

 

O tombamento também contemplou a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória, construída em 1608, a Igreja do Rosário dos Homens Pretos e o Conjunto Carmelita – formado pelo Convento e Igreja do Carmo, e a Igreja da Ordem Terceira, mais conhecida como Igreja do Senhor dos Passos, em 1943.

São Cristóvão: o que ver

O Centro Histórico fica na parte alta da cidade e reúne praças, igrejas e museus importantes. A cidade é pequena e pode ser percorrida toda a pé. É bom ficar atento aos horários para não deixar de ver nada, na cidade. A Prefeitura de São Cristóvão tem mapas melhores que esse, abaixo, para você melhor se orientar e não perder tempo.

Quanto tempo ficar

É possível conhecer São Cristóvão e visitar seus monumentos em um dia. A dica é chegar cedo e, se possível, contar com a assessoria de alguém que conheça bem, a cidade. O turista também pode recorrer ao Centro de Informações Turísticas, na Praça São Francisco.

 

Museus e Igrejas

Além de observar o traçado das ruas e as construções centenárias, o turista pode visitar os museus da cidade. Três deles têm acervos importantes: o Museu Histórico de Sergipe guarda peças doadas pela população e de colecionadores de arte: mobiliário e outros objetos que pertenceram às elites locais, além de documentos e moedas. Entre as relíquias do acervo, está o famoso quadro de Horácio Hora, que retrata Ceci e Peri, personagens do romance de José de AlencarO Guarani, obras de Carybé e Jenner Augusto.

Museu Histórico de Sergipe fica no antigo Palácio Provincial. Trata-se de uma construção barroca do fim do século 18, residência dos presidentes da província de Sergipe, Câmara Municipal, Escola e Exatoria, além de ter acolhido D. Pedro II, quando ele esteve na cidade, em 1860. São 13 salas para visitação, com exposições permanentes e outras temporárias. As visitas são guiadas e o museu abre de terça a sábado, das 10 às 16h, e no domingo, das 9 às 13h. Para visitar o museu, os vistantes devem usar pantufas para preservar o piso.

Museu de Arte Sacra

Localizado numa ala da antiga Ordem Terceira de São Francisco, ao lado do convento, o Museu de Arte Sacra de São Cristóvão é considerado um dos mais importantes do país e se destaca pela excelência das suas obras de arte vinculadas ao catolicismo. São mais de quinhentas peças do século 17 ao 20, muito bem conservadas. O museu oferece a visita guiada, que eu sugiro a todos. O guia que nos mostrou o acervo era um estudante de História, muito preparado, conhecedor do que estava fazendo. O museu abre as portas de terça a sábado, das 10h às 16h, e aos domingos, das 9h às 13h.

Museu dos Ex-Votos

Na verdade, não se trata de um museu, mas existe uma organização típica de museu, como a disposição das peças, espaço para visitação, marcações. A sala de milagres do  Claustro da Ordem Terceira do Carmo reúne peças que retratam partes do corpo humano, além de objetos, roupas e fotos. Tudo fruto das promessas feitas e graças alcançadas. Uma das salas do claustro homenageia Irmã Dulce. Foi nesse local que ela fez os seus votos e viveu parte de sua vida. O museu está aberto de terça a domingo, das 10h às 16h. A entrada é gratuita.

A Praça São Francisco

A Praça São Francisco fica no Centro Histórico da cidade e reúne o antigo Palácio Provincial, a Igreja e o Convento de São Francisco (construções dos séculos 17 e 18), a Santa Casa de Misericórdia, a Igreja Santa Izabel e outras edificações residenciais. Esse conjunto, de diferentes períodos históricos, compõe uma paisagem urbana que remete ao início de tudo. Na lista de Patrimônio Mundial da Unesco, a praça consta como bem de valor universal. Tal importância transcende fronteiras e estabelece uma relação com toda a humanidade.

 

Igreja Santa Izabel e a Santa Casa de Misericórdia

A Igreja Santa Izabel e a Santa Casa de Misericórdia também são construções bastante antigas, mais precisamente da primeira metade do século 18. O prédio do hospital já foi asilo, orfanato e atualmente abriga o Centro Administrativo da Prefeitura Municipal de São Cristóvão.

Casa do Folclore

Em São Cristóvão, as manifestações artísticas e populares, a exemplo do Reisado, Caceteiras, Samba de Coco e Chegança estão ativos e se apresentam com certa regularidade. Essa tradições passam de pai para filho e, mesmo diante de desafios, resistem ao tempo e à modernidade. Trajes típicos e acessórios utilizados nos folguedos, pelos brincantes, além de objetos folclóricos, como os bonecos e outros personagens, podem ser vistos na Casa do Folclore, situada na Praça São Francisco.

Construções coloniais

Outras edificações espalhadas pela cidade compõem o cenário e justificam a fama de cidade histórica de São Cristóvão. O calçamento e o ar bucólico nos levam a um passado que não conhecemos, mas constatamos a cada esquina, a cada quarteirão da cidade.

 

Artesanato

São Cristóvão é uma cidade de artistas. À medida que caminhamos, encontramos as referências, o rastro desses artistas. A música, o teatro, a dança, as artes plásticas têm seus representantes, muitos deles, reconhecidos nacionalmente.

Licores

Impossível sair de São Cristóvão sem experimentar os licores caseiros do Licor & Arte, que fica pertinho da Praça São Francisco. A minha sugestão é o licor de graviola, mas o número de opções é grande.

Gastronomia

Além dos muitos e significativos prédios históricos, a gastronomia é outro aspecto a ser considerado, uma vez que é parte importante do perfil de uma cidade. Em São Cristóvão, a gastronomia local se destaca entre turistas,  moradores da cidade e do estado. A começar pela famosa queijadinha, a “queijadinha de São Cristóvão”, referência sergipana que atrai muitos visitantes à Casa da Queijada, na Praça da Matriz. Doce típico português, a queijada segue uma receita passada de geração a geração,  guardada a sete chaves.

Bricelet

Outra delícia da cidade são os bricelets, que são biscoitos finos, que muito lembram o beiju ou, como é chamado em Sergipe, cavaco chinês. O Bricelet é fininho e delicado. A receita é suíça, tem um gostinho de limão e é produzido pelas freiras do convento.

Para chegar a São Cristóvão

Se você está em Aracaju e quer chegar a São Cristóvão, você tem duas opções: a BR 101 e a Rodovia Estadual SE 065, a João Bebe-Água. Pela primeira, você percorre 22 quilômetros. Pela segunda, são 18 quilômetros a partir da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Você também pode pegar um micro-ônibus na Rodoviária Velha. O bilhete custa menos de R$ 10. Outra opção é apelar para as agências de turismo, que oferecem o city tour Laranjeiras & São Cristóvão, por preços bem convidativos.

Programe-se para conhecer São Cristóvão. Você não vai se arrepender.

Fonte   https://existeumlugarnomundo.com.br/sao-cristovao01/