Belém
Certas coisas não falham na capital paraense. Fazem parte da rotina o calor sem trégua, a chuva ao fim da tarde, o vaivém dos barcos na Baía do Guajará, as ruas sombreadas pelas mangueiras e a beleza de construções erguidas entre os séculos 17 e 19.
Concentradas no Centro, as edificações históricas são fruto da conquista da foz do Rio Amazonas e, posteriormente, da bonança ocasionada pelo Ciclo da Borracha. Porém, tradições à parte, uma nova Belém se faz sentir.
Um dia perfeito em Belém
O movimento no Ver-o-Peso começa na madrugada, e um passeio pelo famoso mercado é um bom início de dia na capital paraense. De lá, caminha-se menos de dez minutos até a Praça Dom Frei Caetano Brandão, onde estão o Museu de Arte Sacra, o Forte do Presépio, a Casa das Onze Janelas e a Catedral da Sé.
Em seguida, visitar a Estação das Docas permite uma refeição no estrelado Lá em Casa e um sorvete de sabor regional na Cairu. Outra atração é o, erguido Theatro da Paz em 1878, na Praça da República. Finalize com o jantar no estrelado Remanso do Bosque.
Como circular
Quem se hospeda na região central, formada pelos bairros Cidade Velha e Reduto, tem mais facilidade para visitar, a pé ou com transporte público, as principais atrações de Belém.
Os corredores formados pelas avenidas Presidente Vargas e Nazaré são importantes se for utilizar ônibus, e com ele fica fácil chegar a todos os cantos da cidade.
A maioria das conduções também passa pelo Ver-o-Peso, atração vizinha à Estação das Docas.
Para conhecer o distrito de Icoaraci, onde há produção de cerâmica, é possível pegar um ônibus na própria Presidente Vargas. À noite, recomenda-se andar de táxi.
Restaurantes em Belém
Os marcantes sabores amazônicos estão presentes nas melhores mesas de Belém. O maior exemplo disso é o trabalho de Thiago e Felipe Castanho: os dois irmãos exploram a diversidade da culinária local para criar receitas inventivas, enquanto se revezam no comando dos estrelados Remanso do Peixe e Remanso do Bosque.
No tradicional Lá em Casa, outro premiado com uma estrela no GUIA BRASIL 2015, os pratos típicos são cuidadosamente elaborados. O apreço pela cozinha paraense aparece ainda na lanchonete The Nine, que serve hambúrgueres preparados com ingredientes regionais.
Comida típica
Açaí: maior produtor nacional de açaí (são 109 mil toneladas anuais, segundo o IBGE/2011, 50,7% da produção do país), o Pará é também um consumidor voraz do alimento. Aqui, no entanto, é raro que a fruta de coloração roxa e sabor amargo seja adoçada antes de ingerida, como em outros lugares do país.
Na receita mais tradicional, o caldo do açaí, engrossado com farinha de tapioca, é servido como acompanhamento para peixes, camarão seco e carnes. Outra maneira de tomá-lo é misturando-o a farinha-d’água e gelo – neste caso, tolera-se a adição de açúcar. Tradicionalmente, bandeiras ou lanternas vermelhas penduradas na porta dos estabelecimentos indicam que há venda da fruta no local.
Tacacá: se tem uma coisa que não muda em Belém é a chuva, que cai todo fim de tarde. Depois dela, a tradição é tomar um tacacá nas esquinas da cidade.
Sempre quente, esse caldo inspirado na cultura indígena é servido por tacacazeiras em uma cuia, e tem como principais ingredientes goma de mandioca, camarão seco, tucupi, jambu – erva que causa uma leve sensação de dormência na boca – e pimenta-de-cheiro.
Tucupi: o líquido amarelo é a maior estrela da culinária paraense. Extraído da raiz da mandioca-brava, precisa ser fervido antes do consumo, com o objetivo de eliminar o ácido cianídrico presente no caldo. Há relatos de que os índios foram os primeiros a utilizar o tucupi, na função de um conservante para suas caças.
Hoje, o caldo de sabor ácido é quase onipresente nos restaurantes de Belém, onde é encontrado em receitas com pato e peixes regionais. As folhas da mandioca-brava moídas (maniva) também são usadas em outro famoso prato regional, a maniçoba. A receita leva os mesmos pertences suínos da feijoada, mas o caldo espesso da maniva substitui o feijão.
A gente recomenda
Mais de dois dias – Com mais tempo, explore melhor o bairro de Nazaré. Nele estão a Basílica e o Parque Zoobotânico, que tem animais como o jacaré-açu e a onça-pintada e abriga o museu Paraense Emílio Goeldi.
O passeio pode terminar com uma cuia saborosa no Tacacá da Dona Maria, instalado em frente ao Colégio Nazaré. No dia seguinte, vale parar no Espaço São José Liberto, para compra de artesanato típico e semijoias.
Prossiga no Mangal das Garças, um parque à beira do Rio Guamá onde poderá observar pássaros como guarás e, claro, garças. A refeição no estrelado Remanso do Peixe encerra a viagem apresentando outros interessantes sabores regionais. Dica: uma das especialidades do restaurante é a peixada paraense.
Melhor época para visitar Belém
Entre dezembro e maio, as chuvas costumam ser intensas. Quem visita a cidade em outubro, mês do Círio de Nazaré, deve fazer reserva com antecedência para garantir hospedagem – Belém recebe mais de 2 milhões de turistas durante o evento religioso. Texto extraído https://viagemeturismo.abril.com.br/cidades/belem-2
ILHA DE MARAJÓ
Maior ilha fluviomarinha do mundo, a Ilha de Marajó é banhada pelo oceano Atlântico e pelos rios Amazonas e Tocantins. Dividida em 12 municípios pontilhados por matas, rios, campos, mangues e igarapés, forma um cenário perfeito para quem pretende desvendar um pedaço quase intacto da selva amazônica.
O ponto de partida da viagem é Belém, de onde saem catamarãs, barcos e balsas rumo à Soure, a “capital” da ilha, alcançada depois de duas a três horas de navegação. É nesta área que estão as melhores praias – do Pesqueiro, Barra Velha e Joanes -, as melhores hospedagens e restaurantes, além de boa parte dos 250 mil habitantes da região.
Museu do Marajó guarda relíquias em cerâmica estilizada
Com tanta diversidade, Marajó promove experiências únicas. A mais interessante delas é montar no lombo de um búfalo para um passeio.
Símbolos da ilha, os animais são vistos em grandes manadas nas extensas planícies ou dispersos nas modestas áreas urbanas, onde são usados como táxi e montaria para a polícia. No Carnaval, fazem sucesso puxando carroças equipadas com caixas de som, numa versão local dos trios elétricos baianos.
Habitat de grande variedade de peixes e pássaros, o arquipélago oferece muitas atividades em meio à natureza, realizadas nas fazendas. Entre elas estão observação de guarás – ave típica de penas vermelhas -, pesca, a focagem de jacarés e passeios de barco pelos igarapés. Os fãs dos esportes de aventura também se divertem na área com a prática de caminhadas na selva, rafting e ciclismo pelas praias.
As surpresas se fazem presentes também na gastronomia, que tem a carne de búfalo – claro! – como grande destaque. Os pratos mais apreciados são o Filé Marajoara, servido com mussarela de búfala derretida; e o Frito do Vaqueiro, que traz fraldinha ou minguinha (carne da costela) cozidos e acompanhados de pirão de leite. Também merecem destaques o caldo de turu, um molusco típico do mangue; e as suculentas peixadas. Para a sobremesa, aposte nos sorvetes de frutas exóticas como uxi, bacuri, taperebá e cajarana.
Os encantos da região se refletem também na cultura. Uma das heranças mais ricas deixadas pelos índios marajoaras é a bela arte da cerâmica estilizada. Para apreciar os trabalhos, siga para o Museu do Marajó, localizado na modesta Cachoeira do Arari, uma cidadezinha escondida no meio da mata. Construído numa antiga fábrica de óleos, o espaço tem um rico acervo que guarda desde vasos, jarros e utensílios de cozinha à urnas funerárias. Quando o assunto é dança, o carimbó e o lundu surgem absolutos. Autênticos da região, os passos foram inspirados em manifestações de origem africana e indígena.
Antes de viajar, escolha bem a época, já que calor e chuvas são características comuns do Pará se intercalam no calendário. No primeiro semestre chove quase todos os dias, alagando campos e florestas e impedindo algumas travessias. A vantagem é que a temperatura fica mais amena. No resto do ano, no período de seca, os termômetros batem facilmente os 40 graus. O consolo é que a água já baixou e fica mais fácil circular pela região. No mês de julho, agradável e concorrido, os turistas lotam a orla da praia do Pesqueiro.
Texto extraído https://www.feriasbrasil.com.br/pa/ilhademarajo/