Jericoacoara, no Ceará, é uma vila de pescadores incrivelmente linda e que conserva seu ar rústico, como você verá assim que vencer, possivelmente a bordo de uma jardineira, os 23 quilômetros de dunas entre Jijoca e Jeri.
Você até vai ouvir o sotaque cearense, mas o que chama a atenção é o português puxado de italianos, belgas, franceses e estrangeiros de outras partes do mundo que por aqui se estabeleceram.
As culturas dos gringos influenciaram a gastronomia e criaram novos hábitos. Se por um lado há grande variedade de receitas internacionais nos restaurantes, por outro o visitante tem de se adaptar a horários estranhos: a maior parte das lojas fica fechada no começo da tarde (alguns estabelecimentos só abrem as portas no fim da noite).
Nas ruas de areia fofa (abasteça sua mala – de preferência, sem rodinhas – apenas com pares de chinelo e sandália), a contemplação e o sossego são os exercícios principais.
Mas isso não quer dizer que o tempo ali é igual para todo mundo, no ritmo dormir cedo para aproveitar a praia assim que o sol nascer.
Para alguns, o amanhecer marca a hora de ir para a cama, depois do forró, passando antes na Padaria Santo Antônio, que abre na madrugada com pães de queijo quentinhos. Ou seja, os boêmios também têm vez nesse pedaço do litoral cearense que há duas décadas não tinha nem luz elétrica.
Hoje a estrutura turística, com pousadas, hotéis, restaurantes e lojinhas, não impede a preservação do cenário de dunas como a Duna do Pôr do Sol, onde todo mundo se encontra no fim de tarde, seja voltando de passeios de bugue pela região, seja acordando de um cochilo para recuperar as energias para uma madrugada de agito.
A Praia da Malhada, à direita da vila, é perfeita para banho e caminhadas. Na maré baixa, caminhe pela trilha que se abre até a Pedra Furada, curiosa formação esculpida pelas águas do mar. Se não for pela trilha, só a cavalo ou de bugue para chegar até ali.
O bugue, aliás, é essencial para se deslocar para cenários igualmente apaixonantes nos arredores. Ainda que pareça um sacrifício sair da vila, vale a pena o “esforço” de visitar lagoas com águas cristalinas, caso da Azul e Formosa, nas quais é possível testar a invenção mais deliciosa do lugar: as redes para deitar com meio corpo dentro da água.
No segundo semestre, o horizonte fica pontilhado pelas cores das velas dos praticantes de kitesurfe e windsurfe, que deslizam velozmente no embalo dos fortíssimos ventos.
QUANDO IR
Só duas estações são percebidas em Jeri. A alta temporada – de julho a janeiro – coincide com os bons ventos para a prática do windsurfe e kitesurfe. No resto do ano, o “inverno” não derruba o calor, mas traz as chuvas, principalmente de fevereiro a maio, que coincidem com a queda das diárias das hospedagens.
DICAS PARA CURTIR JERI
Pé na areia, o ClubVentos tem uma das melhores estruturas para quem quer passar o dia curtindo a Praia de Jericoacoara. Nas espreguiçadeiras espalhadas por um deque de madeira de frente para o mar, você é atendido pela equipe do restaurante, que tem cardápio com pratos, petiscos e bebidas (não há cobrança de consumação mínima em nenhuma época do ano). Dali mesmo dá para assistir às manobras de quem se aventura nas pranchas de kite, wind ou surfe – o clube oferece aluguel de equipamentos e aulas com instrutores. Toda quarta e sábado, no fim do dia, tem sessão de cinema ao ar livre, logo depois do pôr do sol.
Na beira da praia, no fim da Rua Principal, barracas vendem caipirinha e outros drinques. Esse é o começo da noitada, que pode seguir no forró do restaurante Dona Amélia, na Rua do Forró, onde uma banda embala a noite. A Padaria Santo Antônio é o lugar certo para matar a fome da madrugada.
Texto extraído https://viagemeturismo.abril.com.br/cidades/jericoacoara